És tu que vens
no silêncio da noite
pedir-me a esmola,
das minhas ilusões
dos meus infortúnios?
És tu que bates
de mansinho
à janela do meu quarto
a ver se te atendo?
E vejo que falas
e vejo que vens,
oferecendo teus frutos...
oferecendo teus frutos...
A garganta secou,
as palavras falharam,
para te implorar:
Vem!...Fica!...
Podes entrar: partilha sorrisos comigo,
aquece minha cama de feno!...
Continuaste caminho
teu andar leve
teu rosto de luz,
indiferente,
para brincar ao amor
para cavalgar estrelas
ao faz-de-conta!...
Para lá da vidraça
meus olhos
ficaram parados,
sem fazer ninho
no teu olhar!...
Foste-te embora
da minha janela,
em noite apagada,
em tempo ruim,
sem me avisares,
sem eu dar por ti:
mas eu vi-te
logo pela manhã
com o cantar da aurora...
vi tuas pegadas
leves
suaves
no meu jardim !..
Ainda ouvi tua voz sonora
por entre a espuma
do meu mar revolto.
Sorri... e corri
para o abraço infinito
que juntasse céus e mares
numa laçada de amor ...
Mas tu fugiste,
fugiste para longe...
para muito longe... ...
Mas eu vi-te:
Leve como a brisa da noite,
agradável como um sonho de amor!...